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Paulo Freire – O Método Revolucionário para Alfabetizar as Camadas Populares

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De acordo com Freire (1967), o movimento de educação foi uma das variadas formas de mobilização social adotadas no Brasil. Desde a grande participação da população através do voto, quase sempre manipulada pelos lideres conservadores e populistas, até o nascimento dos movimentos de cultura popular organizado pela União Nacional dos Estudantes (UNE), registram-se diversos mecanismos de intervenção política, sociais ou culturais de mobilização e conscientização das massas.

Neste contexto, caberia destacar o esforço realizado na linha de uma ampliação dos sindicatos rural e urbana, iniciado por Almino Afonso quando foi Ministro do Trabalho e que teve continuidade na gestão seguinte.

Durante 12 meses criou cerca de 1.300 sindicatos rurais. Freire (1992 ) destaca a importância deste trabalho quando aconteceu as grandes greves de trabalhadores rurais no estado de Pernambuco, em 1963, a primeira com a participação de 85.000 grevistas e a segunda com 230.000. Por outro lado, a SUPRA (Superintendência da Reforma Agrária), não obstante seu curto período de funcionamento, pôde iniciar um trabalho de mobilização das classes populares do campo à defesa de seus interesses, com uma grande repercussão política.

Essa mobilização foi feita no último período do governo de João Goulart e começava a colocar parte da elite em contato direto com o povo; apenas sugeria a necessidade de se organizar as massas populares para a ação, quando ocorreu a queda do regime populista que o havia possibilitado.

Ficou nessa etapa a difusão dos princípios e não conseguiu passar adiante as práticas de alcance das políticas gerais que foram reduzidas à criação de uma “atmosfera ideológica”, pois não tiveram competência para criar uma verdadeira ideologia de ação popular. Mas foi o suficiente para atemorizar a direita conservadora que sugeriu a necessidade de um golpe militar, insuficiente, no entanto para tirar-lhe o poder dos trabalhistas liderados por João Goulart

Na realidade, toda aquela mobilização serviu para acordar as massas populares que passaram naquele momento a pressionar as estruturas do Estado que tinha uma indiscutível relevância política. Encontravam-se de forma direta ou indireta envolvida com o governo e, através dele, com as instituições existentes que a própria pressão popular ameaçava.

“Este equívoco histórico, uma das características mais importantes de todo este período, não pode deixar de ser assinalado quando buscamos compreender o sentido do movimento educacional brasileiro.” ( FREIRE, 1967, p.18.)

O comprometimento de Paulo Freire com o trabalho voltado para as camadas populares é bastante claro. Em 1962, no Nordeste – a região mais pobre do Brasil – já existiam cerca de 15 milhões de analfabetos para uma população de 25 milhões de habitantes.

Neste começo, o grupo de educadores liderados por Paulo Freire fizera a mais bem sucedida experiência de alfabetização de jovens e adultos no Nordeste brasileiro, na cidade de Angicos, Rio Grande do Norte. Os resultados foram fantásticos: 300 trabalhadores rurais alfabetizados em 45 dias, impressionaram profundamente a opinião pública.

Como relata Paulo Freire (1967), o governo de João Goulart, percebendo o sucesso do projeto, convidou-o para coordenar o Programa Nacional de Alfabetização (PNA), usando o seu método. A idéia era montar 20 mil círculos de cultura em todo Brasil.

Assim, entre junho de 1963 e março de 1964, foram feitas capacitações dos coordenadores dos círculos de cultura em quase todas as capitais dos estados; só no Estado da Guanabara se inscreveram quase 6.000 pessoas. O curso de capacitação atingiu milhares de pessoas que se colocaram à disposição do estado, queriam dar a sua cota de colaboração no combate ao analfabetismo.

O audacioso plano pretendia alfabetizar, só em 1964, dois milhões de pessoas. Cada círculo teria 30 alunos, com duração de 03 meses para cada curso. “Tinha início assim uma campanha de alfabetização em escala nacional que envolvia, nas primeiras etapas, os setores urbanos, e deveria estender-se imediatamente depois aos setores rurais.”(FREIRE, 1967, p. 19.)

Mas a América Latina vivia nos anos anteriores, o fantasma do comunismo, que as elites classe dominantes usavam muito bem contra qualquer governo democrático. A proposta de Paulo Freire de erradicar o analfabetismo no Brasil, teria alcançado os olhos dos reacionários, que se indignavam com a presença popular no cenário nacional.

O golpe militar de 01 de abril de 1964 interrompeu um sonho de milhares de brasileiras, e brasileiros que tinham a esperança de sentirem-se incluídos na sociedade. Paulo Freire foi preso, exilado, arrancado de sua pátria. “Preferiram me acusar por idéias que não professa a atacar esse movimento de democratização cultural, pois percebiam em mim o gérmen da revolta.” (FREIRE, 1967, p. 19.)

A importância da contribuição de Paulo Freire no cenário educacional do Brasil é indiscutível. O educador, preocupado com o grave problema de analfabetismo, sempre se dirigiu às massas populares que muitos consideravam fora da história, procurando incluí-las pela educação.

O educador esteve a serviço da conscientização e libertação do homem. Por isso é sempre lembrado por aqueles que acreditam em país-mundo justo, fraterno e solidário.

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