A Casa de Paulo Freire não foi um projeto pensando, desenhado, arquitetado.
Memória Casa de Paulo Freire – Estágio de estudantes de humanas – 2012 A Casa de Paulo Freire não foi um projeto pensando, desenhado, arquitetado.
A hoje reconhecida casa foi construída para abrigar uma família que lutava há anos por uma moradia para viver com o mínimo de dignidade, a minha família, a família do Professor Elias, que hoje também é a de Paulo Freire, já que muitos que a procuram, muitas vezes perguntam por Paulo Freire e não pelo professor ou pela professora Herlis.
E vejam vocês que o patrono da educação brasileira nos deixou em 2 de maio de 1997. Assim, nos tornamos hóspedes em nossa própria morada. E isso, para mim, é motivo de orgulho, pois estamos muito bem representados pelo nosso mestre.
A Casa de Paulo Freire já é reconhecida internacionalmente. Mas, antes disso tivemos que lutar muito para fazer a inclusão de sujeitos e sujeitas que estavam fora do universo escolar, pessoas não alfabetizadas da minha comunidade, São Sebastião-DF. Hoje, o projeto recebe estudantes de todo Distrito Federal, do Brasil e do mundo para a realização de estágio obrigatório, formações e pesquisas.
E também recebemos visitas constantes de pessoas que, às vezes, não acreditam que vidas são transformadas em uma simples garagem. É certo que hoje não damos aulas apenas na garagem, porque a demanda de alunos aumentou muito nesses 22 anos de projeto.
Tivemos que abrir mão de mais três espaços da casa: a sala principal, a sacada e, por último, passamos a ocupar a área de serviços, também transformada em sala de aula. Às vezes, algumas pessoas dizem que sou um sonhador.
Mas, como dizia o poeta da minha geração, John Lennon, “eu não sou o único”. Então, sigamos firmes em nossos ideais, acreditando que, pela educação, transformaremos a realidade das pessoas em vulnerabilidade social. Assim sonhava Paulo Freire, assim continuam sonhando os seus seguidores.
Tempos de sonhos, mas também de muitas realizações.
